O tempo passa a uma velocidade alucinante, quando se faz aquilo que se gosta. Passaram mais umas semanas e muitas actividades interessantes foram desenvolvidas durante o estágio.
Na anterior publicação realizei a abordagem à fase inicial do trabalho de campo relacionado com a avaliação da Qualidade do Ar interior (QAI) no Hospital, posteriormente, já foram efectuadas muitas medições da QAI nos vários locais do Hospital, nomeadamente, a zona que corresponde a todos os serviços administrativos, alguns locais nos pisos de internamento e uma zona bastante crítica no que respeita às condições do ar interior que é a área da Anatomia Patológica.
No campo das medições ainda há um longo trabalho a efectuar, pois o hospital é um estabelecimento com uma área enorme e são muitos os serviços que o constituem.
No decorrer desta tarefa, aproveitámos para sensibilizar os ocupantes dos locais que foram sujeitos às medições. Foi feito um breve esclarecimento sobre o equipamento utilizado, quais os parâmetros que estão incluídos na medição e o enquadramento com a legislação e também foram propostas algumas medidas de melhoria da qualidade do ar interior dos vários espaços, consoante os resultados que foram obtidos através do equipamento no final de cada medição.
Embora estes não sejam os resultados finais, o equipamento possibilita obter os valores máximos, mínimos e médios dos parâmetros medidos, o que permite fazer uma pequena análise em relação à situação presente.
Para além da informação que disponibilizámos directamente aos ocupantes dos vários espaços, também entregámos alguns folhetos, elaborados por mim e pelo orientador de estágio, com informação sobre a QAI, de forma a reforçar a nossa intenção.
Folheto Qualidade do Ar Interior
Na sequência do trabalho que tenho desenvolvido acerca da Qualidade do Ar Interior no Hospital, foi interessante ter o conhecimento, quer através dos meios de comunicação social, quer do comunicado emitido pela Direcção Geral Saúde (DGS) sobre o alerta de uma nuvem de poeiras proveniente de África que continha partículas de dimensão inferior a 10 µm (PM10) e que atingiu o nosso país.
Nuvem de poeira do deserto atinge Portugal até segunda-feira
29.03.2012
Andrea Cunha Freitas
O fenómeno, frequente na Primavera e Verão, pode afectar as pessoas mais sensíveis como idosos, crianças e com problemas cardio-respiratórios. Amanhã espera-se uma nova vaga de "chuva suja".
Se nos últimos dias sente a garganta seca e os olhos a lacrimejar, a culpa pode ser das poeiras vindas do Norte de África que pairam sobre o nosso território. Não é a primeira vez nem será a última que Portugal recebe este pó do deserto soprado pelos ventos. Porém, desta vez, o fenómeno estende-se além dos normais dois ou três dias para um período de mais de uma semana. Por outro lado, as medições dos especialistas estão também a registar níveis elevados destas partículas à superfície - mais perto de nós -, o que, apesar de não ser inédito, é considerado invulgar. Sem razão para alarme, os idosos, crianças e pessoas com problemas respiratórios devem, porém, proteger-se, avisam as autoridades de saúde.
As minúsculas partículas de pó vindas do Norte de África - a acção do vento em regiões áridas pode fazer com que as partículas mais finas sejam transportadas a longas distâncias, viajando mais de cinco mil quilómetros - invadiram o território nacional na passada sexta-feira. No dia seguinte à chegada da nuvem, a chuva apanhou o pó no ar e acabou por manchar carros estacionados nas ruas, tornando o fenómeno mais visível. Esta "chuva suja" - ou "chuva vermelha", como lhe chamam os especialistas - deverá repetir-se amanhã ou sábado, se as previsões do Instituto de Meteorologia estiverem correctas. Mais clique aqui…
Fonte: In público.pt
Fonte: Direcção Geral da Saúde
No dia 29 de Março de 2012, efectuámos algumas medições no exterior do Hospital e verificámos valores superiores, no que se refere ao parâmetro das partículas (PM10) na ordem dos136 µg/m3, se comparado com os obtidos em dias anteriores (média 32 µg/m3).
Para que seja possível comparar os valores obtidos com o estipulado pela legislação portuguesa para a QAI, o valor de concentração máxima para as PM10 é de 150 µg/m3, o que permite afirmar que a situação verificada no exterior é grave e tem repercussões na saúde das pessoas.
No instante das medições ainda não tínhamos conhecimento do comunicado e no ambiente exterior não se verificavam factores aparentes que pudessem influenciar os valores que foram obtidos para as PM10. Esta situação gerou alguma preocupação da nossa parte, pois em ambientes interiores é possível encontrar estes valores, onde muitas das vezes os espaços carecem de ventilação, mas no exterior estes valores estão muito acima do normal.
Foi extremamente interessante ter o privilégio de constatar tal situação no terreno, onde chegámos a pôr em causa a eficiência do equipamento e a veracidade dos resultados obtidos.
Espero acrescentar algo acerca do tema, com mais alguma informação sobre partículas ou Aerossóis no ar.
Partículas ou Aerossóis em suspensão no ar (PMx)
As partículas ou aerossóis, são definidas como a matéria sólida ou líquida em suspensão no ar, com um diâmetro aerodinâmico entre 0,005 e 100 µm (PMx). Poeira, fumo e organismos como vírus, grãos de pólen, bactérias e esporos de fungos, constituem a matéria particulada sólida, ao passo que as substâncias no estado vapor, constituem a matéria particulada líquida.
As partículas presentes em espaços interiores são provenientes em geral de fontes interiores e exteriores; as partículas provenientes de fontes exteriores entram para dentro do edifício por infiltração natural e pelas entradas de ar exterior. O próprio sistema de ventilação mecânico pode ser uma fonte de partículas como os aditivos usados na fase da humidificação, desinfectantes, os inibidores de crescimento biológico, os materiais isolantes empregues nas tubagens e condutas, etc. As fibras, sintéticas ou naturais, são também classificadas como partículas.
As fibras de lã de vidro respiráveis são também preocupantes, tendo em conta os resultados de estudos de laboratório levados a cabo em animais, em que a fibra de lã de vidro foi classificada como possível causadora de cancro. Embora actualmente não existam padrões de conforto para fibras de lã de vidro respiráveis, parece prudente minimizar a exposição através de práticas de higiene e segurança no trabalho.
A gama de tamanhos das partículas ou aerossóis preocupantes para a saúde humana é de 0,1 a 10 µm. As partículas inferiores a 0,1 µm são geralmente inaladas, enquanto as partículas superiores a 10 µm são filtradas pelo nariz. As partículas pequenas que chegam à região torácica, são responsáveis pela maioria dos efeitos adversos na saúde, e foram desenvolvidas normas para estas partículas de tamanho ≤10 µm, também genericamente conhecidas por PM10.
O ASHRAE Standard 62-1989 adoptou o valor limite da U.S. Environmental Protection Agency que é de 50 µg/m3 para a exposição anual, e de 150 µg/m3 para a exposição de 24 horas.
Nos edifícios de serviços a concentração média de partículas encontrada em ambientes de não fumadores é de 10 µg/m3, enquanto nas áreas de fumadores pode ir dos 30 aos 100 µg/m3.
Níveis excessivos de partículas podem causar reacções alérgicas, tais como olhos secos, irritações de nariz e pele, tosse, espirros e dificuldades respiratórias. Os efeitos da exposição às partículas do fumo do tabaco vão desde as dores de cabeça a irritações de curta duração nos olhos, nariz e garganta, às doenças do foro respiratórias e do coração, sobretudo nos grupos alvo mais sensíveis, como as crianças e as pessoas idosas.
Fonte: Guia Técnico – Qualidade do Ar em espaços Interiores elaborado pela AgênciaPortuguesa do Ambiente (APA).