quarta-feira, 23 de outubro de 2013

QUALIDADE DO AR EM ESCOLAS DE LISBOA É "BASTANTE PREOCUPANTE"

Falta de ventilação e turmas grandes entre as causas
Fonte: Lusa

A qualidade geral do ar nas salas de aula das escolas do 1.º ciclo da cidade de Lisboa é "bastante preocupante para a saúde das crianças", conclui uma investigação da Universidade de Aveiro (UA) hoje divulgada.

Durante um ano, a investigação do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da UA monitorizou o ar das salas de 14 estabelecimentos de ensino da capital portuguesa, onde instalou amostradores passivos e analisadores automáticos, que recolheram informações sobre a presença de monóxido de carbono, de dióxido de carbono, de compostos orgânicos voláteis, de formaldeído, de partículas, de bactérias e de fungos.


"Para a maioria desses compostos, as concentrações obtidas no interior das salas superavam, e nalguns casos largamente, as que se registavam no exterior", revelou Célia Alves, do CESAM, apontando mesmo que "nalgumas salas se detetou níveis alarmantes" de dióxido de carbono.

"Este, por si só, não é considerado poluente, mas os elevados níveis registados são um indicador de que na maioria das escolas a ventilação é muito má e que, por isso, outros poluentes se acumulam", explicou.

A falta de ventilação, a constituição de turmas demasiado grandes para o tamanho das salas, a escolha sem critérios dos materiais para o mobiliário, dos produtos de limpeza e os trabalhos de reabilitação das salas são causas apontadas.


Os ambientes com taxas de poluentes que "ultrapassam em muito" o estipulado pela legislação portuguesa e recomendados pela Organização Mundial de Saúde favorecem o desenvolvimento de asma, rinite e alergias, como consequências possíveis para as crianças.

"Há países que têm normas que regulam o número de ocupantes tendo em conta a área e a volumetria da sala, mas essas normas não existem em Portugal e tudo isso contribui para a acumulação de poluentes", advertiu a investigadora.

A escolha dos materiais usados nas escolas intervencionadas com obras de remodelação é outro dos fatores apontados, que poderá explicar os níveis encontrados dentro das salas de aula de formaldeído, um químico emitido por produtos usados diariamente, como são as tintas de parede ou o mobiliário, e que, quando inalado, pode provocar múltiplas alergias.

"Verificámos que nalgumas escolas os níveis de formaldeído eram bastante preocupantes. Isso tem a ver com o facto de, por um lado, não haver uma seleção criteriosa do mobiliário e dos materiais de construção e, por outro, os espaços não sofrerem ventilação adequada após a instalação de novos equipamentos ou a realização de obras", disse Célia Alves.

A temperatura e a humidade foram igualmente captadas e analisadas pela equipa da investigadora.

Se a temperatura das salas se manteve, em geral, dentro dos níveis considerados de conforto, os da humidade não: "Grande parte das escolas apresenta humidades relativas muito superiores à gama considerada ótima, que é entre os 30% e os 60%. A maior parte das escolas tinham níveis muito superiores a 60% e, nalguns casos, níveis próximos da saturação".

A investigação da UA registou, no outono e no inverno, níveis de fungos e de bactérias que superavam em média quatro vezes o limite legislado em Portugal. Na primavera a equipa identificou escolas com valores 80 vezes superiores aos indicados pela lei.



Poderá recolher mais alguma informação sobre a Qualidade do Ar Interior (QAI),  através do artigo " Factores que determinam a qualidade do ar interior". Aqui

Considero este artigo de grande interesse, pois este foca os pontos fundamentais sobre a QAI e de uma forma muito sintetizada.

David Ralha

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

“AMIANTO” UM RISCO PARA A SAÚDE PÚBLICA


Governo admite não ter meios para cumprir lei do amianto


Miguel Relvas revelou que o Grupo de Trabalho para os Assuntos do Território não está a fazer nenhum levantamento de edifícios públicos com amianto porque não tem meios.
O ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, explicou na Comissão de Ambiente, Ordenamento do Território e Poder Local, na Assembleia da República, que o Grupo de Trabalho para os Assuntos do Território não está a fazer nenhum levantamento de edifícios públicos com amianto porque não tem meios.
A pergunta foi feita pela deputada d'Os Verdes Heloísa Apolónia, que questionou Relvas sobre o cumprimento da Lei 2/2011, que obriga à elaboração de uma listagem de edifícios públicos que contêm amianto, "substância altamente lesiva para a saúde pública e com graves efeitos designadamente cancerígenos", como explicou.
A competência para elaborar essa lista pertence ao Grupo de Trabalho para os Assuntos do Território, coordenado por Miguel Relvas, mas o ministro admite não haver meios para fazer esse levantamento e que com o novo quadro comunitário de apoio, depois "logo se verá". Ler aqui.
Fonte: Diário Económico
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 De acordo com a Organização Mundial de Saúde (2000) todas as formas de amianto são perigosas para a saúde quando as fibras de dimensão respirável são inaladas.



Amianto

O que é?


O amianto é uma fibra mineral natural extraída de certas rochas. É conhecido pelo “linho da montanha” e existem relatos do seu uso na antiguidade, no fabrico de tecidos.


Consoante a forma das suas fibras, o amianto pode ser do grupo das anfíbolas (fibras em forma de agulha) ou do grupo das serpentinas (fibras mais finas). As mais usadas foram a amosite e a crocidolite (ambas do grupo das anfíbolas) e o crisótilo (do grupo das serpentinas) pois são as fibras de amianto com maior interesse comercial.



Até ao conhecimento dos seus riscos, devido à sua abundância na Natureza, ao seu baixo custo e sobretudo devido às suas qualidades (não arde, é resistente ao calor, não apodrece, é um bom isolante térmico, acústico e eléctrico, é fácil de tecer, etc.) foi largamente utilizado na indústria tendo sido chamado de “rainha das fibras”.

Onde foi utilizado?


Os estudos realizados dizem-nos que é possível encontrar amianto em mais do que 2000 produtos diferentes; tais como o fibrocimento, chapas isotérmicas, pavimentos vinílico, colas, tectos falsos, isolamentos térmicos e acústicos, isolamento de tubagens, portas corta-fogo, revestimentos em tectos e paredes (tintas), telas impermeabilizantes, tecidos retardadores de incêndio, etc. Estes são apenas alguns dos produtos mais conhecidos e fáceis de encontrar no nosso dia-a-dia, no entanto, tendo em conta a enorme quantidade de produtos passíveis de conterem amianto, numa vasta variedade de formas, cores, aspectos e localizações, muitas vezes torna-se difícil ou mesmo impossível identificar a presença do amianto sem proceder á análise dos mesmos, em laboratório acreditado para o efeito

Risco para a Saúde


A inalação das mais finas fibras de amianto, não visíveis à vista desarmada, poderá provocar graves doenças nos seres humanos.

Poderão ser contraídos carcinomas dos brônquios, mesoteliomas ou cancro de pulmão, doenças cancerígenas incuráveis. O risco aumenta com o grau de exposição, portanto, em função da carga média a longo prazo e da respectiva duração de actuação. 

Mesmo em curtos espaços de tempo, as cargas máximas podem exercer uma influência negativa considerável.

Profissões de risco

Canalizadores;
Técnicos de aquecimento;
Electricistas;
Carpinteiros;
Colocadores de alcatifas e de outros acabamentos do chão;
Instaladores de equipamento de lojas;
Pessoal de manutenção, incluindo vigilantes e outro pessoal contratado;
Telhadores;
Pessoal de limpeza;
Outros trabalhadores que tenham de aceder a vãos de telhados, ao interior de painéis e a outras áreas interiores semelhantes.


Antes de começar a trabalhar, pergunte se foi verificada a presença de amianto. Parta sempre do princípio de que existe amianto, até prova em contrário.
 Se suspeitar da presença de amianto, suspenda o trabalho e procure aconselhamento. E lembre-se: nunca remova material de amianto se não estiver autorizado e não tiver tido formação específica para esse fim.




 Um ambiente limpo é essencial para a saúde e bem-estar das pessoas. No entanto as interacções entre as populações e os ambientes envolventes são muito complexas, o que levam muitas vezes a surgir certas situações constituintes de perigo para a saúde pública.
O amianto continua a ser um dos mais importantes componentes cancerígenos presentes na maioria dos locais de trabalho, onde as escolas têm um papel relevante no que toca a esta matéria, torna as crianças um importante grupo de risco a estudar. É muito evidente que a exposição ao amianto continua a levantar muitas questões, constituindo um problema de saúde da maior importância que importa trazer á realidade, onde é também importante dar enorme relevância ao campo da prevenção no que diz respeito à exposição do ser humano ao amianto.
David Ralha