sexta-feira, 1 de junho de 2012

REFLEXÃO FINAL






Reflexão final, estágio no serviço de  segurança e saúde no trabalho




No âmbito da Unidade Curricular, Estágio de Aprendizagem IV, inserida no 2º Semestre do 4º Ano do II Curso de Saúde Ambiental, da Escola Superior de Saúde de Beja, realizei ao longo de treze semanas o estágio numa Unidade Local de Saúde do país, mais propriamente, num Hospital, no Serviço de Segurança e Saúde no Trabalho (SSST).

 Esta fase do curso foi sem dúvida uma das mais atraentes e benéficas, pois tive a oportunidade de colocar em prática grande parte dos conhecimentos que adquiri ao longo do curso, e ao mesmo tempo aprendi a verdadeira realidade do que é a área da Segurança e Higiene no Trabalho no terreno.

No estágio tive a possibilidade de intervir nas diversas áreas da Segurança e Higiene no Trabalho, onde destaco a Qualidade do Ar interior, Prevenção dos Riscos Psicossociais e Resíduos Hospitalares, sendo que esta última área me proporcionou grande interesse dado o  cuidado que é necessário ter, desde a selecção, passando pela recolha até ao tratamento final deste tipo de resíduos. A perigosidade que a sua manipulação oferece a todos os profissionais que com eles contactam nas várias etapas e o seu não tratamento compromete seriamente a saúde pública de todos, sendo muito importante a existência de um técnico de Segurança e Higiene na sua gestão.

Durante este percurso deparei-me com algumas dificuldades, mas nunca foi nada de inultrapassável, pois com muito trabalho ao longo do estágio, uma grande responsabilidade, com o encaminhamento, apoio e ajuda dados pelo professor orientador de estágio e pelos profissionais que integram o SSST, todos os obstáculos foram superados e os meus conhecimentos consolidados.

Ao longo desta experiência, não poderei deixar de referenciar o quanto fui bem recebido e respeitado por todos os profissionais com quem contactei na instituição, onde encontrei um verdadeiro ambiente familiar.

  Mas, sem dúvida quero deixar um agradecimento especial ao meu orientador de estágio. O Rui é uma pessoa humanamente extraordinária, posso afirmar, um amigo. A sua paciência, os seus conhecimentos, e quero reforçar são muitos os conhecimentos que detém no que respeita a esta área, contribuiu fortemente para a valorização dos meus conhecimentos e do meu percurso académico.

É com uma enorme gratidão, amizade e muita saudade que escrevo estas palavras… o estágio de Aprendizagem IV chegou ao fim.

David Ralha


SEMANA XI a XIII



Esta será a última publicação no âmbito da unidade curricular Estágio de Aprendizagem IV, e já começo a sentir uma pontinha de saudade em relação aos temas e actividades que foram debatidas e desenvolvidas ao longo do estágio.


No decorrer destas semanas foram desenvolvidas várias tarefas relacionadas com a avaliação da Qualidade do Ar Interior no Hospital e com os riscos psicossociais.

Avaliação da Qualidade do Ar Interior no Hospital



Em relação a esta actividade, foram efectuadas as últimas medições, nomeadamente, no sexto piso do Internamento e Serviço de Urgência.
Posteriormente foram tratados os últimos dados recolhidos e incluídos no relatório final da avaliação. Este relatório será entregue aos responsáveis da instituição.

Do relatório consta: Introdução (onde se efectua uma abordagem aos conceitos gerais sobre a Qualidade do Ar Interior); legislação e normas nacionais e internacionais aplicadas; descrição dos edifícios; equipamento utilizado; procedimentos tidos em conta na realização das medições; parâmetros avaliados e seus efeitos na saúde; apresentação dos resultados; propostas de melhoria e recomendações.

No que respeita aos resultados obtidos não vou fazer uma apresentação exaustiva, mas deixo alguns exemplos de como foram apresentados e também irei enumerar algumas áreas onde os valores para determinados parâmetros excederam as concentrações máximas permitidas pela legislação (Decreto-Lei 79/2006, de 4 de Abril). 

Apresentação dos Resultados 

Exemplo 1: Tabela - Apresentação dos resultados, valores médios obtidos na Anatomia Patológica.



















 Exemplo 2: Tabela - Resumo das Observações Anatomia Patológica




























De salientar que na Anatomia Patológica, obtivemos valores referentes aos compostos orgânicos voláteis (COV´s) que estão, aproximadamente, 11 vezes superiores à concentração máxima permitida pela legislação. 

Exemplo 3: Tabela de apresentação das propostas de melhoria.
























O relatório ficou concluído com um ponto que enumera mais algumas recomendações que se podem aplicar aos vários tipos de edifícios, que seguidamente irei partilhar com todos os seguidores do blogue.
São algumas recomendações bastante interessantes e que certamente irão ajudar todos os interessados a melhorar as condições do ar no interior dos seus edifícios. 

Outras recomendações gerais em edifícios

 Dependendo dos resultados das concentrações de poluentes medidas e do poluente em causa, poderão ter que ser tomadas medidas de controlo de modo a restabelecer a boa qualidade do ar interior do edifício.
Apesar das medidas a implementar para resolver o(s) problema(s) que afectam a qualidade do ar interior num dado local de um edifício dependerem das próprias características (ocupação, local, sistemas de climatização, componentes, etc) existem resoluções genéricas que poderão ser a solução nalguns casos, nomeadamente:
  • Ajuste dos níveis de ventilação à intensidade de utilização: ventilar com caudais de ar novo suficientes;
  • Reorganização interior dos espaços de forma a posicionar os espaços de maior densidade de ocupação em zonas em que seja possível providenciar os níveis de ventilação recomendados;
  • Instalação de dispositivos que permitam uma abertura controlada das janelas de forma a permitir níveis de ventilação confortáveis (em continuo);
  • A distribuição das grelhas pelas diferentes fachadas deve ser efectuada tendo em atenção a qualidade do ar exterior, privilegiando naturalmente as localizações que conduzam à admissão de um ar tão “limpo” quanto possível; a captação de ar novo deve estar bem localizada e orientada de forma a evitar a entrada de aerossóis produzidos em torres de arrefecimento, chaminés…;
  • Promover a ventilação do edifício em períodos de baixa ocupação (ex.: manhã cedo, hora do almoço, etc.)
  • Se possível, assegurar a limpeza do edifício ao fim da tarde, sendo seguida uma intensa ventilação;
  • Instalar filtros adequados para controlar a entrada de partículas e substitui-los regularmente;
  • Garantir, tanto quanto possível, a estanquidade das ligações ao nível da rua entre o edifício e o exterior (ex.: instalação de átrios duplos, manutenção das portas, etc);
  • Evitar água estagnada sob equipamentos de refrigeração, instalando drenos contínuos com sifão;
  • Selecção adequada de materiais de revestimento e mobiliário: esta questão é de tratamento difícil já que muitos materiais disponíveis no mercado não possuem ficha de emissão de poluentes, sugere-se ainda assim que se faça um esforço no sentido de seleccionar materiais tendo em atenção as suas características de emissão de poluentes;
  • Posicionamento de secretárias longe de entradas de ar e de equipamentos como fotocopiadoras;
  • Manter a humidade relativa do ar interior abaixo de 70%, nos espaços ocupados;
  • Reposição de caudais de ar;
  • Modificação de estratégia de filtragem;
  • Alteração de rotinas do plano de manutenção;
  • Eliminação de fontes de poluição;
  • Mudança de produtos de limpeza;
  • Instalação de zonas para fumadores em locais adequados e ventilados de acordo com a legislação vigente;
  • Substituição de equipamentos;
  • Mudança de posição de ar novo;
Estes são apenas alguns exemplos de medidas que poderão auxiliar na resolução de níveis de poluição no interior. No entanto, as resoluções são únicas e adequadas a cada caso e dependem das características e dos meios existentes. Assim, as medidas de controlo indicadas são apenas a título de exemplo, podendo ser adaptadas e sugeridas outras, dependendo do local em questão.




Riscos psicossociais no trabalho



Durante estas semanas, como referi anteriormente, o Serviço de Segurança e Saúde no Trabalho, onde estou integrado, também desenvolveu algumas actividades na área da prevenção dos riscos psicossociais no trabalho.
A instituição, na sequência da Campanha Europeia para a avaliação dos riscos psicossociais, foi alvo de uma visita dos inspectores da Autoridade para as Condições  do Trabalho (ACT) às suas instalações.
Estes, na companhia dos elementos do Serviço de Segurança e Saúde no Trabalho, nós, visitaram alguns serviços do hospital e entregaram questionários aos profissionais, com o objectivo de avaliar o nível de risco no que se refere a esta matéria.
No seguimento da visita do ACT e da Campanha Europeia, no Serviço de Segurança e Saúde no Trabalho, elaborámos um folheto direccionado aos profissionais da instituição, com informação destinada à prevenção dos riscos psicossociais no trabalho, nomeadamente, "Stress no Trabalho".

Gostaria também de partilhar alguma informação acerca dos riscos psicossociais. É importante dar especial atenção a este tipo de risco emergente nas sociedades, pois podem estar perto de afectar cada um de nós.



Na União Europeia, mais de um em cada quatro trabalhadores dizem-se afectados pelo stress no trabalho. Trata-se de um problema grave que afecta empregadores, trabalhadores e a sociedade em geral, pois pode causar problemas de saúde, aumentar os dias de absentismo e reduzir a produtividade e competitividade das empresas. 

 O que é o stress no trabalho?

O stress no trabalho surge quando o ambiente de trabalho coloca exigências que excedem as competências que o trabalhador pensa possuir para as enfrentar (ou controlar).
O stress não é uma doença, mas se for intenso e prolongado pode causar doenças do foro físico e psíquico (tais como depressões, esgotamentos nervosos e doenças cardiovasculares e outras). O stress pode ser provocado por problemas existentes no local de trabalho ou fora dele, ou ambas as hipóteses.

Quais são as causas do stress no trabalho?

O stress pode ser causado pelo modo de organização das tarefas ao nível da empresa e pelo tipo de trabalho que se executa.

 Os factores indicados a seguir podem resultar em stress no trabalho:

Atmosfera (ou “cultura”) no local de trabalho e o modo como interpreta o stress;

Exigências impostas, tais como o facto de ter muito ou pouco para fazer e estar exposto a riscos físicos, como produtos químicos perigosos ou ruído;

Controlo – até que ponto pode exercer influência sobre o seu trabalho;

Relacionamentos no local de trabalho, incluindo a existência ou não de situações de assédio moral;

 Inovações – quantidade de informações que recebe sobre as inovações introduzidas e o modo como foram planeadas;

Papel desempenhado – até que ponto tem uma ideia clara sobre em que consiste o trabalho que deve executar e se existem conflitos;

Apoio dos colegas e superiores;

Formação que proporcione qualificações para executar o trabalho.

 De que modo pode a entidade patronal contribuir para reduzir o meu stress no trabalho?

A entidade patronal tem a obrigação legal de proteger a sua saúde e segurança no local de trabalho. Os inspectores do trabalho ajudam a garantir o cumprimento dessas obrigações. A entidade patronal deverá identificar as causas do stress no trabalho, avaliar os riscos e tomar medidas preventivas, evitando assim que os trabalhadores adoeçam. Você, ou o seu representante, deve ser consultado sobre as inovações no local de trabalho que afectem a sua saúde e segurança, incluindo as que possam resultar em stress.
Compete-lhe a si colaborar seguindo as políticas pertinentes e ajudando a identificar problemas e encontrar soluções.


Lembre-se de que o stress no trabalho é sintoma de um problema de organização da empresa e não um sinal de fraqueza individual!




 As questões seguintes podem ajudá-lo a discernir se existe ou não um problema:





Existe um problema de stress no meu local de trabalho?

Atmosfera

 Acha que tem de prestar trabalho extraordinário para manter o seu emprego ou ser promovido?
As pessoas afectadas pelo stress são tidas como fracas ou levadas a sério?
Não é dada importância ao seu trabalho e às sugestões que apresenta?
Tem a sensação de que existe uma pressão constante para trabalhar mais e a uma maior velocidade?

Exigências impostas

Recebe mais trabalho do que é possível fazer no tempo que dispõe?
Acha que o seu trabalho é demasiado difícil?
Não gosta do trabalho que faz?
O seu trabalho aborrece-o?
O seu ambiente de trabalho é demasiado ruidoso, a temperatura é desagradável, o local onde trabalha não é arejado e tem fraca iluminação?
Preocupa-se com os perigos a que está exposto no local de trabalho, como por exemplo produtos químicos?
Sente que corre risco de ser alvo de violência por parte de clientes ou do público que atende?

Controlo

Não tem possibilidades de influenciar o trabalho que faz?
Não está envolvido no processo de tomada de decisões?

Relacionamentos no local de trabalho

As relações com os seus superiores são más?
Não tem boas relações de trabalho com os seus colegas, ou, se tem um cargo de chefia, com os seus colaboradores?
É vítima de assédio moral no seu local de trabalho, por exemplo, são-lhe dirigidos insultos ou é alvo de comportamentos ofensivos ou abusivos por parte de superiores?
É alvo de humilhações e abusos por preconceitos de raça, sexo, origem étnica, deficiência, etc.?

Inovações

Recebe informações sobre as inovações introduzidas no seu local de trabalho?
Participa no planeamento das inovações que afectam o seu trabalho?
Recebe apoio durante o processo de inovações?
Tem a impressão de que há inovações a mais, ou talvez a menos?

Papel desempenhado

Não tem uma ideia clara sobre em que consiste o trabalho e as responsabilidades que lhe foram delegados?
Tem de cumprir tarefas que, em sua opinião, não fazem parte do seu trabalho?
Já alguma vez se deparou com situações de conflito de papéis?

Apoio

É apoiado pelos seus superiores e colegas?
É louvado quando faz um bom trabalho?
São-lhe feitos comentários construtivos ou sente que só recebe críticas negativas?

Formação

Dispõe das qualificações adequadas para executar o seu trabalho?
É encorajado a aprofundar as suas qualificações?

De que modo posso contribuir para combater o stress no trabalho?

A entidade patronal é responsável pela prevenção do stresse no trabalho. No entanto, para obter melhores resultados, deverá cooperar com o seu empregador, superior e sindicato, ou com qualquer outra entidade representante. Eis algumas ideias:

■ Em caso de problemas, fale com o seu superior, sindicato ou qualquer outra entidade representante; se sentir dificuldades em falar directamente com o seu superior, peça ao seu representante para fazê-lo;

■ Contribua para identificar problemas, encontrar soluções e meios de implementá-las, envolvendo-se no processo de avaliação dos riscos de stress iniciado pela entidade patronal; as perguntas atrás referidas poderão ajudá-lo a identificar problemas e a encontrar soluções;

■ Dê o seu contributo, verificando se as soluções são eficazes;

■ Exponha a sua situação ao Serviço de Saúde no Trabalho da sua organização ou ao serviço de assistência ao trabalhador, caso existam;

■ Consulte o seu médico se sentir que a sua saúde é afectada.

De que modo posso ajudar os meus colegas, que sofrem de stress no trabalho?

Como primeiro passo, encoraje os seus colegas, a discutirem o problema com os respectivos superiores, sindicato ou outros representantes. Se o superior fizer parte do problema, poderá representar o seu colega ou sugerir-lhe que se dirija a um outro superior que o possa ajudar a resolver a situação. É sempre vantajoso apontar soluções possíveis para o problema, e você pode contribuir para tal.

 Fonte: Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho – OSHA






Deixo-lhe ainda 10 dicas anti-stress:





1 - Acorde mais cedo do que necessita para não andar a correr logo pela manhã.



2 - Planeie o seu dia tirando proveito da altura em que costuma ser mais produtivo.

3 - Defina prioridades e delegue tarefas. 


4 - Saiba dizer não, se o seu chefe lhe parecer demasiado empenhado em não o deixar respirar, exigindo-lhe mais e mais trabalho.

5 –  Contribua para ter um bom ambiente de trabalho, mantendo pensamentos positivos, sendo simpático e prestável para os colegas. Um bom ambiente de trabalho é vital!

6 - Tenha uma alimentação equilibrada. Não almoce a correr e faça pausas ao longo do dia, aproveitando para relaxar.

7 - Aprenda a relaxar, depois do dia de trabalho.

8 - Tenha uma vida social activa, desta maneira vai ser mais fácil não pensar nos problemas que deixou para trás no trabalho. Vá a festas, ao cinema ou ao café com os amigos. 

9 - Dedique-se a uma actividade criativa. Utilize os seus tempos livres para se dedicar a uma actividade que puxe pela sua concentração e criatividade. 

10 - Faça exercício físico. É essencial para se manter bem física e psicologicamente.


EXPERIMENTE!


 Fonte: www.4work.pt
  
   
O facto do estágio realizado no Serviço de Segurança e Saúde no Trabalho, me ter permitido a possibilidade de conhecer e intervir na prevenção dos riscos psicossociais, que actualmente é uma das grandes preocupações para instituições nacionais e internacionais responsáveis pela segurança e saúde no trabalho, fez-me sentir na “linha da frente”. Isto porque os riscos psicossociais, nomeadamente, o stress relacionado com o trabalho é um dos maiores desafios para a saúde e a segurança na Europa. É um risco emergente, onde quase um em cada quatro trabalhadores é afectado pelo stress, havendo estudos que o apontam como responsável por entre 50% a 60% dos dias de trabalho perdidos pelos trabalhadores afectados.