Esta será a última publicação no âmbito da unidade
curricular Estágio de Aprendizagem IV, e já começo a sentir uma pontinha de
saudade em relação aos temas e actividades que foram debatidas e desenvolvidas
ao longo do estágio.
No decorrer destas semanas foram desenvolvidas várias
tarefas relacionadas com a avaliação da Qualidade do Ar Interior no Hospital e
com os riscos psicossociais.
Avaliação da Qualidade do Ar Interior no Hospital
Em relação a esta actividade, foram
efectuadas as últimas medições, nomeadamente, no sexto piso do Internamento e
Serviço de Urgência.
Posteriormente foram tratados os
últimos dados recolhidos e incluídos no relatório final da avaliação. Este relatório
será entregue aos responsáveis da instituição.
Do relatório consta: Introdução (onde
se efectua uma abordagem aos conceitos gerais sobre a Qualidade do Ar
Interior); legislação e normas nacionais e internacionais aplicadas; descrição
dos edifícios; equipamento utilizado; procedimentos tidos em conta na
realização das medições; parâmetros avaliados e seus efeitos na saúde;
apresentação dos resultados; propostas de melhoria e recomendações.
No que respeita aos resultados obtidos
não vou fazer uma apresentação exaustiva, mas deixo alguns exemplos de como
foram apresentados e também irei enumerar algumas áreas onde os valores para
determinados parâmetros excederam as concentrações máximas permitidas pela
legislação (Decreto-Lei 79/2006, de 4 de Abril).
Apresentação dos Resultados
Exemplo 1:
Tabela - Apresentação dos resultados, valores médios obtidos na Anatomia Patológica.
Exemplo 2: Tabela - Resumo das Observações
Anatomia Patológica
De salientar que na Anatomia Patológica, obtivemos
valores referentes aos compostos orgânicos voláteis (COV´s) que estão,
aproximadamente, 11 vezes superiores à concentração máxima permitida pela
legislação.
Exemplo 3: Tabela de apresentação das propostas de melhoria.
O relatório ficou concluído com um
ponto que enumera mais algumas recomendações que se podem aplicar aos vários
tipos de edifícios, que seguidamente irei partilhar com todos os seguidores do
blogue.
São algumas recomendações bastante
interessantes e que certamente irão ajudar todos os interessados a melhorar as
condições do ar no interior dos seus edifícios.
Outras recomendações gerais em edifícios
Dependendo
dos resultados das concentrações de poluentes medidas e do poluente em causa,
poderão ter que ser tomadas medidas de controlo de modo a restabelecer a boa
qualidade do ar interior do edifício.
Apesar
das medidas a implementar para resolver o(s) problema(s) que afectam a
qualidade do ar interior num dado local de um edifício dependerem das próprias
características (ocupação, local, sistemas de climatização, componentes, etc)
existem resoluções genéricas que poderão ser a solução nalguns casos,
nomeadamente:
- Ajuste dos níveis de ventilação à intensidade de utilização: ventilar com caudais de ar novo suficientes;
- Reorganização interior dos espaços de forma a posicionar os espaços de maior densidade de ocupação em zonas em que seja possível providenciar os níveis de ventilação recomendados;
- Instalação de dispositivos que permitam uma abertura controlada das janelas de forma a permitir níveis de ventilação confortáveis (em continuo);
- A distribuição das grelhas pelas diferentes fachadas deve ser efectuada tendo em atenção a qualidade do ar exterior, privilegiando naturalmente as localizações que conduzam à admissão de um ar tão “limpo” quanto possível; a captação de ar novo deve estar bem localizada e orientada de forma a evitar a entrada de aerossóis produzidos em torres de arrefecimento, chaminés…;
- Promover a ventilação do edifício em períodos de baixa ocupação (ex.: manhã cedo, hora do almoço, etc.)
- Se possível, assegurar a limpeza do edifício ao fim da tarde, sendo seguida uma intensa ventilação;
- Instalar filtros adequados para controlar a entrada de partículas e substitui-los regularmente;
- Garantir, tanto quanto possível, a estanquidade das ligações ao nível da rua entre o edifício e o exterior (ex.: instalação de átrios duplos, manutenção das portas, etc);
- Evitar água estagnada sob equipamentos de refrigeração, instalando drenos contínuos com sifão;
- Selecção adequada de materiais de revestimento e mobiliário: esta questão é de tratamento difícil já que muitos materiais disponíveis no mercado não possuem ficha de emissão de poluentes, sugere-se ainda assim que se faça um esforço no sentido de seleccionar materiais tendo em atenção as suas características de emissão de poluentes;
- Posicionamento de secretárias longe de entradas de ar e de equipamentos como fotocopiadoras;
- Manter a humidade relativa do ar interior abaixo de 70%, nos espaços ocupados;
- Reposição de caudais de ar;
- Modificação de estratégia de filtragem;
- Alteração de rotinas do plano de manutenção;
- Eliminação de fontes de poluição;
- Mudança de produtos de limpeza;
- Instalação de zonas para fumadores em locais adequados e ventilados de acordo com a legislação vigente;
- Substituição de equipamentos;
- Mudança de posição de ar novo;
- …
Estes são apenas alguns exemplos de medidas que poderão
auxiliar na resolução de níveis de poluição no interior. No entanto, as
resoluções são únicas e adequadas a cada caso e dependem das características e
dos meios existentes. Assim, as medidas de controlo indicadas são apenas a
título de exemplo, podendo ser adaptadas e sugeridas outras, dependendo do
local em questão.
Riscos
psicossociais no trabalho
Durante estas semanas, como referi
anteriormente, o Serviço de Segurança e Saúde no Trabalho, onde estou integrado,
também desenvolveu algumas actividades na área da prevenção dos riscos
psicossociais no trabalho.
A instituição, na sequência da Campanha Europeia para a avaliação
dos riscos psicossociais, foi alvo de uma visita dos inspectores da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) às suas instalações.
Estes, na companhia dos elementos do
Serviço de Segurança e Saúde no Trabalho, nós, visitaram alguns serviços do
hospital e entregaram questionários aos profissionais, com o objectivo de avaliar
o nível de risco no que se refere a esta matéria.
No seguimento da visita do ACT e da
Campanha Europeia, no Serviço de Segurança e Saúde no Trabalho, elaborámos um folheto
direccionado aos profissionais da instituição, com informação destinada à
prevenção dos riscos psicossociais no trabalho, nomeadamente, "Stress no
Trabalho".
Gostaria também de partilhar alguma
informação acerca dos riscos psicossociais. É importante dar especial atenção a este tipo de risco emergente nas sociedades, pois podem estar perto de afectar cada um de nós.
Na
União Europeia, mais de um em cada quatro trabalhadores dizem-se afectados pelo
stress no trabalho. Trata-se de um problema grave que afecta empregadores,
trabalhadores e a sociedade em geral, pois pode causar problemas de saúde,
aumentar os dias de absentismo e reduzir a produtividade e competitividade das
empresas.
O que é o stress no trabalho?
O stress no trabalho surge quando o
ambiente de trabalho coloca exigências que excedem as competências que o
trabalhador pensa possuir para as enfrentar (ou controlar).
O stress não é uma doença, mas se
for intenso e prolongado pode causar doenças do foro físico e psíquico (tais
como depressões, esgotamentos nervosos e doenças cardiovasculares e outras). O stress pode ser provocado por problemas
existentes no local de trabalho ou fora dele, ou ambas as hipóteses.
Quais são as causas do stress no
trabalho?
O stress pode ser causado pelo modo de
organização das tarefas ao nível da empresa e pelo tipo de trabalho que se
executa.
Os factores
indicados a seguir podem resultar em stress
no trabalho:
■ Atmosfera (ou
“cultura”) no local de trabalho e o modo como interpreta o stress;
■ Exigências impostas,
tais como o facto de ter muito ou pouco para fazer e estar exposto a riscos
físicos, como produtos químicos perigosos ou ruído;
■ Controlo –
até que ponto pode exercer influência sobre o seu trabalho;
■ Relacionamentos no local de
trabalho, incluindo a existência ou não de situações de assédio
moral;
■ Inovações – quantidade de informações que recebe
sobre as inovações introduzidas e o modo como foram planeadas;
■ Papel desempenhado –
até que ponto tem uma ideia clara sobre em que consiste o trabalho que deve
executar e se existem conflitos;
■ Apoio dos
colegas e superiores;
■ Formação que proporcione qualificações para
executar o trabalho.
De que modo pode a
entidade patronal contribuir para reduzir o meu stress no trabalho?
A entidade patronal tem a
obrigação legal de proteger a sua saúde e segurança no local de trabalho. Os inspectores
do trabalho ajudam a garantir o cumprimento dessas obrigações. A entidade
patronal deverá identificar as causas do stress
no trabalho, avaliar os riscos e tomar medidas preventivas, evitando assim que
os trabalhadores adoeçam. Você, ou o seu representante, deve ser consultado
sobre as inovações no local de trabalho que afectem a sua saúde e segurança,
incluindo as que possam resultar em stress.
Compete-lhe a si colaborar
seguindo as políticas pertinentes e ajudando a identificar problemas e encontrar
soluções.
Lembre-se de que o
stress no trabalho é sintoma de um problema de organização da empresa e não um
sinal de fraqueza individual!
As
questões seguintes podem ajudá-lo a discernir se existe ou não um problema:
Existe um
problema de stress no meu local de trabalho?
Atmosfera
Acha que tem de prestar trabalho
extraordinário para manter o seu emprego ou ser promovido?
As
pessoas afectadas pelo stress são
tidas como fracas ou levadas a sério?
Não
é dada importância ao seu trabalho e às sugestões que apresenta?
Tem
a sensação de que existe uma pressão constante para trabalhar mais e a uma
maior velocidade?
Exigências impostas
Recebe
mais trabalho do que é possível fazer no tempo que dispõe?
Acha
que o seu trabalho é demasiado difícil?
Não
gosta do trabalho que faz?
O
seu trabalho aborrece-o?
O
seu ambiente de trabalho é demasiado ruidoso, a temperatura é desagradável, o
local onde trabalha não é arejado e tem fraca iluminação?
Preocupa-se
com os perigos a que está exposto no local de trabalho, como por exemplo
produtos químicos?
Sente
que corre risco de ser alvo de violência por parte de clientes ou do público
que atende?
Controlo
Não
tem possibilidades de influenciar o trabalho que faz?
Não
está envolvido no processo de tomada de decisões?
Relacionamentos no local de trabalho
As
relações com os seus superiores são más?
Não
tem boas relações de trabalho com os seus colegas, ou, se tem um cargo de
chefia, com os seus colaboradores?
É
vítima de assédio moral no seu local de trabalho, por exemplo, são-lhe
dirigidos insultos ou é alvo de comportamentos ofensivos ou abusivos por parte
de superiores?
É
alvo de humilhações e abusos por preconceitos de raça, sexo, origem étnica,
deficiência, etc.?
Inovações
Recebe
informações sobre as inovações introduzidas no seu local de trabalho?
Participa
no planeamento das inovações que afectam o seu trabalho?
Recebe
apoio durante o processo de inovações?
Tem
a impressão de que há inovações a mais, ou talvez a menos?
Papel desempenhado
Não
tem uma ideia clara sobre em que consiste o trabalho e as responsabilidades que
lhe foram delegados?
Tem
de cumprir tarefas que, em sua opinião, não fazem parte do seu trabalho?
Já
alguma vez se deparou com situações de conflito de papéis?
Apoio
É
apoiado pelos seus superiores e colegas?
É
louvado quando faz um bom trabalho?
São-lhe
feitos comentários construtivos ou sente que só recebe críticas negativas?
Formação
Dispõe
das qualificações adequadas para executar o seu trabalho?
É
encorajado a aprofundar as suas qualificações?
De que modo posso contribuir
para combater o stress no trabalho?
A
entidade patronal é responsável pela prevenção do stresse no trabalho. No
entanto, para obter melhores resultados, deverá cooperar com o seu empregador,
superior e sindicato, ou com qualquer outra entidade representante. Eis algumas
ideias:
■
Em caso de problemas, fale com o seu superior, sindicato ou qualquer outra
entidade representante; se sentir dificuldades em falar directamente com o seu
superior, peça ao seu representante para fazê-lo;
■
Contribua para identificar problemas, encontrar soluções e meios de
implementá-las, envolvendo-se no processo de avaliação dos riscos de stress iniciado pela entidade patronal;
as perguntas atrás referidas poderão ajudá-lo a identificar problemas e a
encontrar soluções;
■
Dê o seu contributo, verificando se as soluções são eficazes;
■
Exponha a sua situação ao Serviço de Saúde no Trabalho da sua organização ou ao
serviço de assistência ao trabalhador, caso existam;
■
Consulte o seu médico se sentir que a sua saúde é afectada.
De que modo posso
ajudar os meus colegas, que sofrem de stress
no trabalho?
Como
primeiro passo, encoraje os seus colegas, a discutirem o problema com os
respectivos superiores, sindicato ou outros representantes. Se o superior fizer
parte do problema, poderá representar o seu colega ou sugerir-lhe que se dirija
a um outro superior que o possa ajudar a resolver a situação. É sempre
vantajoso apontar soluções possíveis para o problema, e você pode contribuir
para tal.
Fonte: Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho – OSHA
Deixo-lhe ainda 10
dicas anti-stress:
1 - Acorde mais cedo do
que necessita para não andar a correr logo pela manhã.
2 - Planeie o seu dia tirando proveito da altura em que
costuma ser mais produtivo.
3 - Defina prioridades e delegue tarefas.
4 - Saiba dizer não, se o seu chefe lhe
parecer demasiado empenhado em não o deixar respirar, exigindo-lhe mais e mais
trabalho.
5 – Contribua para ter um bom
ambiente de trabalho, mantendo pensamentos positivos, sendo simpático e
prestável para os colegas. Um bom ambiente de trabalho é vital!
6 - Tenha uma alimentação
equilibrada. Não almoce a correr e faça pausas ao longo do dia,
aproveitando para relaxar.
7 - Aprenda a relaxar,
depois do dia de trabalho.
8 - Tenha uma vida social
activa, desta maneira vai ser mais fácil não pensar nos problemas que
deixou para trás no trabalho. Vá a festas, ao cinema ou ao café com os
amigos.
9 - Dedique-se a uma actividade criativa.
Utilize os seus tempos livres para se dedicar a uma actividade que puxe pela
sua concentração e criatividade.
10 - Faça exercício físico. É
essencial para se manter bem física e psicologicamente.
EXPERIMENTE!
Fonte: www.4work.pt
O facto do estágio realizado no Serviço de Segurança e Saúde no
Trabalho, me ter permitido a possibilidade de conhecer e intervir na prevenção
dos riscos psicossociais, que actualmente é uma das grandes preocupações para
instituições nacionais e internacionais responsáveis pela segurança e saúde no trabalho,
fez-me sentir na “linha da frente”. Isto porque os riscos psicossociais,
nomeadamente, o stress relacionado
com o trabalho é um dos maiores desafios para a saúde e a segurança na Europa. É um risco emergente, onde quase um em cada quatro trabalhadores é afectado
pelo stress, havendo estudos que o
apontam como responsável por entre 50% a 60% dos dias de trabalho perdidos pelos trabalhadores afectados.
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