terça-feira, 13 de março de 2012

SEMANAS I e II


 Primeiro dia de estágio existe muita expectativa e uma enorme vontade de começar a trabalhar nas diversas áreas que estão inerentes a Segurança Higiene e Saúde no Trabalho.

O meu orientador de estágio fez uma breve apresentação do pessoal que integra o Serviço de Segurança e Saúde no Trabalho (SSST) e posteriormente também me transmitiu alguma informação referente ao seu funcionamento.
O SSST é composto por dois engenheiros com formação superior e específica no âmbito da SHST, onde estes dividem as suas actividades em duas áreas:
  • Um dos engenheiros é o coordenador dos Serviços e responsável pela SHST onde se inclui a Avaliação dos Riscos (Ambiental, Ergonomia, Resíduos Hospitalares, Qualidade do Ar Interior) na instituição e será o meu orientador ao longo do estágio.
  •  O outro engenheiro é o responsável pela Emergência (plantas, sinalética, planos de prevenção e acção, formação) na instituição.   





QUALIDADE DO AR INTERIOR



Os problemas de qualidade do ar interior são reconhecidos como importantes factores de risco no que diz respeito à saúde humana, tanto nos países desenvolvidos como nos países em vias de desenvolvimento (OMS).
Efectivamente, o tempo que as populações despendem no interior dos edifícios é muito significativo, nomeadamente em ambientes interiores especiais como as habitações, creches, lares para a terceira idade. Para além dos efeitos na população em geral, a poluição do ar interior, afecta grupos que são particularmente vulneráveis, devido ao estado de saúde e/ou idade.
Existem muitos compostos potencialmente perigosos libertados no interior dos edifícios devido, às emissões provenientes dos materiais de construção, produtos e equipamentos de limpeza, combustões, produtos de consumo, etc. Também a poluição de origem microbiana proveniente de centenas de espécies de bactérias, fungos e bolores crescendo nos interiores, não pode de forma alguma ser minimizada. Ler mais …

Fonte: AGÊNCIA PORTUGUESA DO AMBIENTE, Qualidade do Ar em Espaços Interiores

A qualidade é um conceito difícil de definir, sendo assim cada um define qualidade de acordo com as suas vivências e expectativas, tendo em conta os seus objectivos, requisitos ou necessidades, que podem ser concordantes ou conflituais (Saraiva, 2008).

A qualidade do ar interior é um termo que se refere à qualidade do ar no interior de um edifício e que se encontra directamente relacionada com o bem-estar dos ocupantes.

A qualidade do ar interior consiste assim na percepção que cada indivíduo faz da qualidade do ar que respira, englobando assim, os parâmetros que se relacionam com o conforto no que refere a temperatura e humidade (Yu, Hu, Liu, Yang, Kong, & Liu, 2008), mas também na existência e na concentração de certos poluentes como é o caso de dióxido de carbono, monóxido de carbono, partículas suspensas no ar, Ozono, Formaldeído, VOC’s, microrganismos, entre outros (PORTUGAL, 2006).

Verifica-se que existe uma crescente atenção para os problemas da qualidade do ar interior, porque as concentrações de microrganismos e de poluentes são, em geral, mais baixos nos ambientes externos que nos ambientes internos devido à utilização de produtos limpeza, materiais e equipamentos que contêm produtos poluentes e ao desenvolvimento de microrganismos associados à própria ocupação humana, assim como a uma deficiente ventilação e renovação do ar (Afonso, Tipple, Souza, Prado, & Anders, 2004; Yu, Hu, Liu, Yang, Kong, & Liu, 2008)

  Na sequência dos textos publicados anteriormente, podem perceber que uma das primeiras actividades desenvolvidas no estágio está relacionada com a Qualidade do Ar em espaços Interiores.
O SSST tem como uma das áreas de intervenção a avaliação da Qualidade do Ar Interior (QAI) na Unidade Local de Saúde (Hospital).

Então, na medida em que a última avaliação da QAI referente a parâmetros físicos e químicos foi realizada em 2007 por uma empresa privada e que revelou uma Qualidade do Ar interior aceitável na instituição, o SSST entendeu realizar uma nova avaliação de forma a verificar se a mesma certifica resultados favoráveis em função da avaliação anterior.

Sendo a avaliação contínua um procedimento importante na Segurança Higiene e Saúde no Trabalho (SHST), aproveitando a minha colaboração com o SSST e também a possibilidade de utilizar o equipamento que a escola que represento dispõe, o meu orientador de estágio sugeriu que estariam reunidas todas as condições para que se realizasse uma nova avaliação da QAI na instituição.

Nestas primeiras semanas tive a possibilidade de pesquisar e recolher informação relacionada com esta matéria, nomeadamente, normas internacionais, legislação nacional e guias que estabelecem os VLE´s dos compostos físicos, químicos e biológicos que podem afectar a QAI, que irão servir de orientação para a interpretação dos resultados a obter nas futuras medições da QAI na instituição.


   
Em Portugal, o Decreto de Lei n.º79/2006 de 4 de Abril estabelece idêntico conjunto de parâmetros para a qualidade do ar interior. Estes parâmetros são generalizados para todo o tipo de instalações, independentemente do tipo de actividade existente.


Fonte: Decreto- Lei nº 79/2006, de 4 de Abril, parâmetros estabelecidos para a Qualidade do Ar Interior 

No Brasil as medidas recomendadas para estabelecidos com áreas comuns de uso público e colectivo, são classificados conforme definido na Orientação Técnica da ANVISA, Resolução RE nº 9, de 16 de Janeiro de 2003.

A Agência Nacional de Vigilância sanitária (ANVISA), criou a ORIENTAÇÃO TÉCNICA REFERENTE A INDICADORES DE QUALIDADE DO AR INTERIOR EM AMBIENTES DE SERVIÇOS DE SAÚDE

As medidas recomendadas por esta Orientação Técnica aplicam-se aos ambientes classificados como críticos e semicríticos dos estabelecimentos assistenciais de saúde, na área pública e privada compreendendo:

a) as construções novas de estabelecimentos assistenciais de saúde de todo o país;
b) as áreas a serem ampliadas de estabelecimentos assistenciais de saúde já existentes;
c) as reformas de estabelecimentos assistenciais de saúde já existentes e os anteriormente não destinados a estabelecimentos de saúde.

Classificação de risco de ocorrência de eventos adversos à saúde por exposição ao ar ambiental:

Nível 0. Área onde o risco não excede aquele encontrado em ambientes de uso público e colectivo.

Nível 1. Área onde não foi constatado o risco de eventos adversos relacionados à qualidade do ar, porém algumas autoridades, organizações ou investigadores sugerem que o risco deva ser considerado.

Nível 2. Área onde existem fortes evidências de risco de ocorrência de eventos adversos relacionados à qualidade do ar de seus ocupantes ou de pacientes que utilizarão produtos manipulados nestas áreas, baseadas em estudos experimentais, clínicos ou epidemiológicos bem delineados.

Nível 3. Área onde existem fortes evidências de alto risco de eventos adversos de seus ocupantes ou de pacientes que utilizam produtos manipulados nestas áreas, baseados em estudos experimentais, clínicos ou epidemiológicos bem delineados.















Em França, IAGVs são estabelecidas pelo Conselho de Segurança Nacional de Saúde (HANDLE)   Na falta de valores franceses para alguns compostos, IAGVs estabelecidos pela OMS em 2010 (WHO, 2010) ou reconhecido a nível europeu (INDEX projeto; Koistinen et al, 2008) pode ser usado.


Os valores guias para a Qualidade do Ar interior em França podem ser consultados através do site do Observatoire de la Qualité deL’air Intérieur.


Em Hong Kong

Através desta investigação pude constatar que os valores de referência dos vários parâmetros que estabelecem a Qualidade do Ar interior variam um pouco de país para país.
Existem países como o caso do Brasil que dispõe de guias específicos para os diversos estabelecimentos, os valores não são generalizados para todo o tipo de instalações, situação que se verifica em Portugal.
Portugal é também no que respeita a esta matéria uns pais que permite a exposição a valores mais elevados de determinados parâmetros, nomeadamente, parâmetros biológicos, em relação a outros países.
Cito o exemplo dos valores para parâmetros Biológicos, pois a Avaliação da QAI que irei efectuar na Unidade Local de Saúde onde estou a estagiar será num Hospital e estes são parâmetros a ter em conta dadas as características e funcionalidades do estabelecimento.
Tomando como exemplo o espaço do Bloco Operatório, o valor que a nossa legislação estabelece para a concentração máxima de bactérias e fungos é de 500 UFC/m3 o que na minha opinião é desajustado, pois sabemos as actividades desenvolvidas neste espaço e a quem se destinam, ou seja, não pode ser considerado como um espaço de utilidade pública comum, como está previsto na nossa legislação.
Na maioria dos países mais desenvolvidos, existem normas especificas para os vários tipos de estabelecimentos, nomeadamente, estabelecimentos de saúde.
Obviamente que têm de ser diferentes as concentrações máximas dos vários parâmetros no ar interior, consoante as actividades a desenvolver no interior dos edifícios

1 comentário:

  1. No Brasil há um grupo de voluntários preocupados com a Qualidade do Ar de Interiores, o Qualindoor da Abrava (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilaçao e Aquecimento), o contato pode ser feito através do site www.dnqaiabrava.org.br.

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